15 novembro 2009

"Quando a morte conta uma história, você deve parar para ler"

Parte 1

    Eu sempre quis morrer para ver quem choraria, queria iria a meu velório. Curiosidade estranha para uma garota de 15 anos.
    Era verão. E como todo verão estávamos indo para nossa casa no campo. Eu adorava ir para lá, não ficava triste por ser tão longe da cidade. Não havia lugar para tristeza em nossa casa no campo. Não em nosso paraíso particular.
   Meus pais estavam com o casamento em crise e queriam ver se conseguiriam resgatar o amor longe da bagunça que era nossas vidas na cidade. Eu estava tentando ajudar os dois, mas como uma garota de 15 anos pode ajudar os pais a terem um casamento feliz novamente?
   Entramos no carro e meu pai foi falando o plano de viagem enquanto minha mãe checava se todas as coisas que estavam em sua lista estavam no porta-malas. Lembro-me que não demorava mais do que duas horas para chegarmos lá, e que todo o tempo que passamos naquele carro lembrando  verões anteriores serviria para colocar na caixa de lembranças felizes da família. Estava tudo muito estranho, como se meu fim tivesse sido planejado de alguma forma.
   Nossa casa era enorme. Grande demais para três pessoas e um cachorro. Ela era branca com janelas de vidro que mais pareciam paredes de tão grandes. Lembro-me do primeiro verão que passamos na casa. Nós que pintamos a sala, não ficou linda a parede, mas tínhamos orgulho de termos feito alguma coisa na casa. Um toque nosso!
   Pintamos a parede que dava de frente para o lago de  azul-inverno. Ficou linda e sempre quando íamos ouvir música deitávamos perto da parede. A ausência de conversa, a melodia das clássicas canções de meu pai no ar, era o auge da paz.
   Mas naquele verão algo  me dizia que meus planos de vida, meus sonhos iriam se realizar e tudo iria acabar bem. Pelo menos pra mim.

Um comentário:

  1. acho que só as próximas partes poderão trazer um entendimento claro do texto

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