10 outubro 2013

Espelho

- Ele não me diz nada.
- Tente, olhe outra vez.... Alguma coisa?
- Nada!
- Vai dizer que não reconhece?
- Não. Só vejo marcas. Muitas.Uma por cima da outra, transfigurando a imagem inicial.
- Uhn... Já é alguma coisa.
- Pode ser...

09 outubro 2013

Seguindo as borboletas


Voltou ao vazio de não sentir. De não conseguir sentir o gosto das coisas... De viver, de contemplar o mundo e sua mania de pregar peças em tudo. Deixou-se levar, sumir em meio ao caos. As forças do não concreto pensamento sobre tudo. Contando a própria história na terceira pessoa para ninguém no mundo enxergar o obscuro, o confuso.

- Bem, uma amiga minha disse... Certa vez alguém pensou...

A vida foi dura. Castigou demais.Seus pensamentos foram devorados. Não conseguia entender e nem concluir suas interrogações. Não existia ponto final, não existia. Ao longo das horas apareciam algumas reticências e interrogações. No fim na noite sobravam as exclamações. Os gritos que ninguém podia ouvir.

Sem cor, sem música... Apenas sorrisos calculados.

Ela era duas. Uma outra pessoa vivendo dentro dela. Uma queria lutar e a outra apenas deixar o tempo passar e a areia da ampulheta cessar.

08 outubro 2013

Faz tanto tempo...

E ao acordar, sentiu que sua  vida tinha sido arrancada de si. Que mãos estranhas haviam rasgado seu peito e tirado de lá tudo que o coração precisava para fazer seu trabalho, para a manter viva.
Chegou por fim prender a respiração para ver se seus pulmões gritariam por socorro.E conseguiu respostas conclusivas: seu corpo - por mais fraco e ruim que estivesse- lutava para funcionar. Logo foi obrigada pela força da natureza voltar a respirar. E o choro tomou conta de tudo. Nenhuma força externa a poderia fazer querer viver naquele instante. Ninguém.

O motivo pelo qual viveu por anos havia desaparecido. Em uma multidão de rostos, de cotidiano, de histórias roubadas. Cortes e contas não seriam capazes de ajudar a amenizar o estrago. E orações não chegaram a ser concluídas.


- Alô! Alô.

Era tudo que poderia ter. Nada restava além de sentir o vazio de ser apenas um.