24 março 2014

Enfim...

Oi.

Hoje não é um bom dia. Estou irritada com muita coisa, e acima de tudo comigo mesma. Esse final de semana foi - me perdoe a expressão- uma merda! Em geral fiquei como sempre fico. Isolada do resto da humanidade em meu quarto ou de propósito focada na televisão.  Não fiz nada. E não mudaria nada também. Não respondi bons dias ou ois que foram direcionados para mim. Não fiz nada além de dormir e dormir. De ficar deitada pensando no que alguns chamam de vida.
Vou te contar uma coisa, sei que meus problemas não são nada comparados a grandes catástrofes. Terremotos, a fome, a aids  e ao câncer. Sei que meus problemas não se comparam com as pessoas que perderam tudo. Família, amor, qualquer coisa dessa categoria e grau de importância.

Acontece que para todos existe um tipo de inferno pessoal. E sei que cada um tem o mal que consegue vencer. E sei todas as filosofias baratas que existem. Sei também que existem pessoas piores e problemas e limitações maiores. Sei de tanta coisa. Sei o que é dor, mas talvez não o tipo que vocês conheçam, por que cada um sente de um jeito. Talvez eu seja racional demais ou talvez vocês sejam. Talvez eu esteja com problemas que nem mesmo eu entenda. Talvez...

Não adianta me comprar comidas que para você são boas. Não adianta me levar no melhor restaurante de cidade. Não adianta ficar me dizendo que estou magra demais ou feia, ou que dá para contar minhas costelas. Não adianta me olhar torto quando separo um simples pedaço de pão em pequenos pedaços para escolher quantos deles irei comer. Não adianta nada me julgar, ter pena ou até mesmo me tratar mal por achar que o jeito que estou vivendo não é vida.

Afinal, quem disse que considero essa a melhor maneira? Só quem já passou por isso - se é que existe uma cura para isso- pode entender o que é e como é. Não sei se alguém pode me ajudar, e as vezes não quero ajuda. Só quero ficar deitada na minha cama e esquecer as palavras: espelho, balança, caloria, imc.

Só gostaria de dormir e poder esquecer um pouco disso, por que ando bem deprimida. Desistente. Não quero parecer deprimida, mas estou. E muito.

Sei que poderia ser pior, mas por favor. Não me faça sentir pior por estar mal com coisas que para outras parecem banais.

3 comentários:

  1. Oi Kah. Não cabe conselho ou dizeres de que tudo passa, mas posso falar de mim, talvez lhe ajude de alguma forma. Sei sinceramente o que sente. Tive Bulimia dos doze aos vinte anos, fosse antes nunca falaria isso, ou publicaria em algum lugar. No começo sofria calada, pois como você não queria ouvir palavras de crítica, pois, só eu sabia o quão era a minha dor. Como se minha alma não coubesse em meu corpo, e tinha de moldá-lo para ver no espelho o que havia em meus pensamentos. Tive dias insuportáveis, parecia que de nada valia meu esforço, estava em um ciclo interminável, em busca de uma perfeição, e quem é perfeito? Quando estava assim, mergulhamos tão fundo de nós, que não sabemos mais como voltar à superfície, à vida. Rejeitei por vezes opiniões, preocupações dos outros, por ser tão maior minha busca por caber no que de mim imaginava, que só piorava-me as palavras que nada sabiam de mim. Queria controlar tudo aquilo, me frustrava, chorava. Como sentisse um peso interminável da vida sobre meu corpo já fraco por não comer. Mas cheguei ao extremo, minha saúde já dava sinais, tive que aceitar um tratamento. Hoje é mais leve tudo isso, mas não se pode descuidar. Tenho consciência que isso em mim, tornou-se uma doença, há de se ter o controle. De tudo hoje o que ficou, é a percepção de que lindos anos perdi, mais foi inevitável, não tive o controle, e sinto muito por isso. Não me via como os outros, e sei como se sente. Muita coisa deixei de falar, talvez saiba do que falo, dessa imensidão que o que você sente te traz. Kah, aprendi que falar sobre isso nos faz enxergar, que temos muito mais que oferecer ao mundo, a nós mesmos. Sei que é algo que parece não ter fim, mas é nessa hora o início de nos enxergar. Deixei um pouco de mim aqui. Um abraço Kah.

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    1. Obrigada Milene, suas palavras ajudaram bastante. Obrigada por compartilhar um pouco de você.

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  2. A vida apresenta a todos e a cada um de nós o desafio de, quase por milagre, vive-la em toda a sua plenitude, ainda que sejamos tão frágeis pelo que ignoramos e mesmo no que conhecemos. A felicidade, uma vez que as circunstâncias são de nossa fragilidade é realmente um milagre. Mas ele acontece, e tende mais a acontecer quando, em vez de nos frustrarmos por tudo que ‘não alcançaremos’, nós nos prendermos a um ponto, poucos passos adiante de onde estamos, e dizermos a nós mesmos: só preciso chegar até ali. É assim que alguns maratonistas vencem 42 quilômetros.

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